Há dias assim, dias que nos vão acompanhar por toda a vida,
dias especiais, dias que só merecem ser vividos porque são partilhados,
dedicados àqueles de quem mais gostamos. Vivi, vivemos, um dia bestial na festa de Maio da Mozarte.
O
tema que nos juntou a todos foi a celebração/importância do livro nas mais
diferentes formas de arte, na dança, no artesanato, no teatro, na poesia, na
representação, na música e claro até na gastronomia. Foi um dia em cheio, um
dia de histórias, histórias que pareciam não querer acabar...
Começou logo cedo e
musicado pelas palavras de jovens contadores como o Luís do grupo Vumsuluka
(Amanhecer) que recontou para uma plateia de crianças e adultos lendas e contos
do Rovuma ao Maputo. Foi lembrada a importância da escrita como registo da
herança oral tão rica que Moçambique possui pelo escritor António Cabrita, que nos
falou de como foi fazer o livro que hoje nos foi contado: “Fábulas de Cabo Delgado”
da editora Kapicua (Obrigada João Kapão). E ainda
a participação dos “Vovôs” António e Estevão da APOSEMO
(Associação dos Aposentados de
Moçambique), que serviu para demonstrar que já há registos na colecção “Os Contos
dos Avós”. Mais à tarde, o espaço foi dedicado à formação. Com ajuda do
Paulo da Kutsemba Cartão re-aprendemos a
fazer livros de cartão, a construir de forma simples e económica um livro e, desta
feita, tornar a leitura acessível a todos. Quase sem ter tempo de respirar, recebemos
o desafio de fazer uma fanzine, uma publicação semelhante a uma revista, em
número mais limitado, uma espécie de obra de arte nas nossas mãos. Existem
muito poucas fanzines em Moçambique, e esta foi a primeira a surgir em 2012. E foi
assim que começamos a caminhar para a Fanzine da Mozarte, foi magnético ver as
crianças à volta da Filipa e Nuno da FanzineBastidores, a fazer nascer a fanzine Mozarte.
E foi assim que a nossa festa foi ganhando público, e mais
público, pessoas e mais pessoas, e formigas e muitas formigas, todas juntas em volta
de uma formiga muito especial: a Formiga Juju,
que se juntou à festa com a história do seu novo livro “A Formiga Juju e o
professor Moskito”. Foi uma sensação incrível estar ali, no meio de tantas formigas
e poder ouvir as sábias palavras e conselhos do bispo anglicano Dom Dinis Sengulane. Palavras
que me fizeram olhar para dentro e sentir que é na simplicidade dos gestos do
dia-a-dia que está a nossa força, carácter e determinação.
Khanimambo Dom Dinis! |
Logo a seguir entrou o Walter para animar o grande
formigueiro com as suas canções e abrir caminho para que escutássemos com
atenção as novas aventuras da Formiga Juju nas doces palavras da mama formiga,
a Cristiana.
![]() |
"A Formiga Juju e o Professor Moskito" |
Nesta história todos participámos, com ajuda da Formiga Juju, do
professor Moskito nos seus passos de capoeira, das crianças-formigas, dos
adultos-formigas e do melhor plano de todos os tempos para afastar o moskito da
Malária, o entardecer chegou sem sentirmos qualquer comichão. Será que não? Ainda
houve tempo receber a picadela do novo moskito artesanal, que ganhou forma das latas
velhas pelas mãos criativas do mestre e coordenador da festa, o Tomás
(Toma-Toma).
Naquele dia, como disse, o tempo parecia não querer avançar,
e por isso ainda assistimos ao arrojado desfile de moda da First Fashion e a muita música, teatro e poesia,
que nos embalou noite a dentro, nas palavras contagiantes e cheias de emoção
dos jovens do Movimento Literário Kuphaluxa.
Há dias assim, que parecem não ter fim. Que nos fazem gritar em
silêncio, todas estas palavras juntas: a “única forma de tudo isto (todos os
sonhos, ideias e planos) resultar, é se cada um de nós participar”.
Eu também quero participar! |
- Filipa Pais de Sousa
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